Respondam-me: Tem coisa mais linda do que um cavalo selvagem? Correndo pelas pradarias, livre e feliz!
Mas creio que não sou a única. Penso que somos todos assim. Porém temos tentado domar esse cavalo selvagem. Temos tentado domesticá-lo
Eu pelo menos tenho visto muitas pessoas empenhadas em não se permitir. Geralmente são pessoas machucadas. Ou seria pura covardia e egoismo? Não sei.
O que acontece é que acabamos pasteurizando os nossos sentimentos por medo de sofrer.
Acabamos entrando numa relação preparados psicologicamente para não perder o domínio da situação, principalmente quando "o final" chegar.
Contudo tenho para mim que "o durante" não será mais a mesma coisa. Vai ter gostinho de suco artificial e não gostinho de fruta no pé.
Mas quem liga? Muita gente sequer sabe como é o gosto da fruta no pé!
Talvez seja esse o controle equilíbrio tão venerado e desejado por todos.
Uma paixão sem aqueles germes "horríveis" que causam taquicardia, bambeira nas pernas, calor, alteração involuntária em algumas partes do corpo, mãos frias, boca seca, desejo incontrolável, ânsia juvenil de beijar aquela boca, de abraçar e ser abraçado, de estar perto, de estar dentro um do outro, prazer.
Afinal, quem gosta de sentir essas coisas?
É perigoso nos sentirmos vivos demais, afinal a gente vai morrer mesmo um dia.
Melhor viver uma vida morna, uma paixão morna, um equilíbrio que nos garanta proteção contra emoções fortes demais.Vamos plastificar as emoções.
Depois, hoje em dia temos várias opções bem mais seguras emocionalmente:
No lugar da troca de olhares apaixonados, palavras de amor, beijos inebriantes, tesão descontrolado etc. a gente compra na farmácia uma caixinha da "pílula da felicidade".
No lugar daquela noite caliente nos braços do ser amado, fazendo amor até desfalecerem um nos braços do outro, a gente pode malhar até a exaustão na academia para liberar serotonina. Vai suar e queimar muitas calorias, do mesmo jeito.
E olha que beleza, a páscoa está chegando, e chocolate é um maravilhoso compensador de falta de prazer. Toneladas de chocolate.
Uma vida bege, igual aqueles comerciais de margarina. Perfeito, não é mesmo?
Perfeito?
by Branca